José Ferraz Pompeu, Pompeuzinho

Roque Ehrhardt de Campos

Abril 2021

Pompeuzinho, acrilico por Sílvia  Basilio de Matos

José Ferraz Pompeu, o Pompeuzinho como é mais conhecido, é um desses artistas. Na década de 40, querendo aprender a pinta a óleo, tomou aulas com o pintor italiano Orestes Pezzotti. Com ele saía para o campo, aprendendo que a natureza e o trabalho contínuo eram bons professores. Sua primeira exposição ocorreu em 1952, no então Teatro Municipal, apresentando óleos sobre telas que retratavam tipos populares, ruas e paisagens de Campinas daquela época. Um ano antes, já havia sido premiado no 9º Salão de Belas Arte de Campinas, ao lado de Maria Aparecida Bueno de Mello, Mário Bueno, Coluccini, Aldo Cardarelli, Geraldo Jurgensen, Orestes Pezzotti e Thomaz Perina.

Pompeuzinho, desde então, vem desenvolvendo seu trabalho como artista e professor. Ainda hoje, se formos a Souzas, Joaquim Egídio, Valinhos ou arredores de Campinas, poderemos encontrar Pompeuzinho pintando suas paisagens. Durante todos esses anos, teve vários alunos, ensinando-os através do método que aprendeu: pintando a natureza, como os olhos a vêem.

Texto acima extraido do Livro Ensino de Artes Plásticas em Campinas. editado por Sílvia  Basilio de Matos, de 1988

O texto mais antigo sobre êle que tenho em mãos é a notícia de uma exposição que ele fez em Outubro de 1969:

Vejamos como ele vivia, através da reportagem do extinto:

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O quadro da reportagem de 1992 está na minha sala

Junto com estes:

Souzas
Cabras

Vejamos na reportagem da época, na qual ele foi entrevistado e revela detalhes de sua vida:

José Ferraz Pompeu

José Ferraz Pompeu, Pompeuzinho

Ou Pompeuzinho, como é conhecido, um homem simples, comunicativo, que tem sempre um sorriso na sua fisionomia. Nasceu em Limeira e mudou para Campinas onde veio trabalhar como desenhista concursado no Instituto Agronômico. Ele Fazia o que a publicidade denomina hoje “trabalho de campanha”. executando cartazes didáticos e informativos a respeito de combate a doenças e pragas, bem como sobre a classificação genética das plantas e com muita atuação nos assuntos do café.  

“Trabalhei como funcionário do Instituto Por 35 anos. Durante esse tempo continuei pintando meus quadros, mas foi somente quando me aposentei é que pude dedicar-me totalmente à pintura”.

38 anos no Guanabara

“Vivi boa parte da minha vida aqui no Guanabara. Só na Buarque de Macedo morei durante nove anos. De lá, mudei para a Clóvis Belilacqua, onde permaneci por apenas três meses, vindo depois parar na Dr. Cunha Motta, onde moro há 29 anos. Acho que sou um dos mais antigos, se não for o mais antigo morador do bairro”, comenta Pompeu. Ele diz lembrar-se do bairro à época que se mudou, quando as terras, em sua maior parte, eram ocupadas por pasto. 

Homenagem em vida

Aos 76 anos (1992) reuniu 55 prêmios, 2 medalhas de ouro, algumas de prata e seus quadros, em óleo sobre tela, estão espalhados pelo mundo todo(Irã, França, Suécia, Estados Unidos, Ministério das Relações exteriores de Paris…)
Para ele o maior prêmio recebido for “ser o primeiro pintor homenageado em vida, com uma placa de prata, pela Prefeitura Municipal de Campinas durante o 4o. Salão Acadêmico de Belas Artes de Campinas, realizado em 1988, e saber que meus quadros foram (e são) presentes para pessoas ilustres. Tenho duas telas com o ex presidente to Uruguai, Eduardo Victor Haedo, com o Dr. Sylvino de Godoy, um dos proprietários do jornal Correio Popular e com outras pessoas, das quais no momento não consigo lembrar o nome”, diz Pompeu.

Um grande autodidata

José Ferraz Pompeu, 76 anos de história. Hoje é considerado um grande pintor autodidata. Gosta muito de sair a campo para pintar, principalmente na companhia de seus alunos. Ele atualmente dá aulas para ensinar quantos quiserem. Quem desejar aprender um pouco mais basta procurá-lo em sua residência, à Rua Dr. Cunha Motta no. 107.

Guanabara na passagem

Segundo Pompeo, o bairro Guanabara começou como vila. “Há 38 anos atrás (1954) na Buarque de Macedo o bairro era conhecido como ponto final do trem que ia para Conchal (cidade próxima a Araras)”, comenta. “Nesta época o ponto era na Clóvis Bevilacqua”.

Avenidas Perigosas

Como morador antigo do Guanabara, Pompeu aponta as avenidas Imperatriz Leopoldina e Barão de Itapura como as mais perigosas do bairro. #Parece mentira, mas já presenciei muitos acidentes na Imperatriz. Tantos, que já perdi a conta”.

Mini Biografia

Ana Ligia

JOSÉ FERRAZ POMPEU
Nasceu em 02 de junho de 1915, em Limeira – SP, Brasil. Desde a infância gostava de desenhar nas horas de folga e na escola primária era solicitado a ilustrar as aulas, desenhando no quadro negro.
Em 1933, à convite do Prefeito de Limeira – Major Levy Sobrinho – expôs suas primeiras telas à óleo e também retratou as altas patentes que retornavam do fronte, após a Revolução Constitucionalista de 1932.
Em 15 de fevereiro de 1934 Pompeu mudou-se para Campinas, onde foi trabalhar como desenhista concursado, no Instituto Agronômico. Cabia-lhe executar cartazes e informativos sobre o combate a doenças e pragas, e também sobre a classificação genética das plantas na área do café.
Até 1950 o futuro paisagista desenha por hobby nas horas de folga, ocupando-se de perfis feitos com aguada e bico-de-pena, perfeitos como fotografias. A partir dessa data passa a assumir o seu lado artístico nato e introduz a aquarela e a tinta à óleo aos seus desenhos.
Em 1952 expõe suas obras no Teatro Municipal de Campinas, com desenhos , aquarelas e óleos, com motivos de tipos populares, ruas e paisagens de Campinas. Desse primeiro passo decorre uma série de exposições individuais e coletivas.
Por sua sensiblidade artística nata, autodidata, foi convidado a pintar com os pintores de sua época: Orestes Pezzotti, Aldo Cardarelli, Lobo, Eneas Dedecca, Franco Sachi, José Rincon, Mário de Oliveira, etc. Desde 1952 o artista percorre Campinas e seus arredores em busca de boas paisagens para pintar, aos domingos, feriados e nos dias de férias. Seu trabalho, como paisagista, retrata todo o desenvolvimento histórico e urbano da cidade de Campinas.
Em 13 de setembro de 1966 Pompeu se aposentou, passando a realizar o seu grande sonho, que era viver somente para a pintura. Ele viveu só e feliz, dividindo os seus dias entre a atividade da criação artística e as aulas que ministrava a seus alunos, entre eles Ana Ligia Freire da Silva.
Ganhador de 62 prêmios, entre ouro, prata e bronze, nos Salões de Artes, Pompeu possui cerca de cinco mil obras espalhadas pelo mundo, nos EUA, França, Suíça e Irã: em palácios; salas de residências importantes; na coleção do ex-governador Adhemar de Barros; do ex-presidente da República do Uruguai Heduardo Victor Haedo e mais tarde doado ao museu daquele país; no Vaticano, em Roma, obra pintada para presentear D.Agnello Rossi, quando da sua visita à Campinas e Jundiaí. O pintor se orgulhava por ter sido o primeiro pintor homenageado em vida, com uma placa de prata, pela Prefeitura Municipal de Campinas, durante o 4° Salão Acadêmico de Belas Artes, em 1988, e porque seus quadros foram presentes a pessoas ilustres.
O grande artísta foi um homem simples, de alma boa e híper simpático. Era de estatura pequena, o que lhe rendeu o diminutivo do nome, Pompeuzinho.
Faleceu em 2002, deixando saudades àqueles que o amavam.

Pequena Galeria de pinturas de Pompeuzinho


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