O pano de fundo que dava o tom dos anos 50 era os Estados Unidos. Nesta parte será tratado este aspecto da época.
Pode parecer absurdo, mas os Estados Unidos entrou no meu imaginário, ao ponto de me orientar no sentido de ir para lá, muito mais através do radio que do cinema. O cinema que poderia me influenciar, estava fora dos meus limites, tanto pelo acesso aos filmes, quanto pelo tipo de rotina da vida que a gente levava. Ganhei um radio a válvulas do meu tio Ney, irmão de meu pai, e em 49 metros, pegava a Radio Cultura de S.Paulo, que tinha um programa “Ritmos da Broadway”, que initeruptamente, das 5 as 6 da tarde, tocava musica americana. Posteriormente, a Radio Eldorado, que também tinha musica americana e “um piano ao cair da tarde”
A Radio Cultura foi uma das primeiras a transmitir FM Stereo no inicio dos anos 70 e eu morava numa região alta de Campinas (castelo) e coloquei uma antena calculada para a frequência dela e nunca mais me esqueço da emoção de ver o sinalizador do receptor de FM Philips, acusar a separação dos canais… Mas antes disto em AM, sempre tocou Jazz e musica da Broadway, que hoje seria identificada por “crooners” ou “big band standards”…
Curiosamente, a vida dá uma volta completa e volta no mesmo lugar… Atualmente, com a Internet, é possível ouvir exatamente o tipo de programa que eu ouvia na adolescência em estações americanas “vintage”…
Mas não era só isto… Havia o programa “Hoje é dia de Rock” aos sábados, pela Radio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro, que pegava em 49 mts e a gente escutava sentado nas guardas do Jardim do Pará em frente ao Ciro’s Bar…
Ha pouca recordação detalhada e confiável na Internet.. O programa já existia em meados de 50, pois eu ouvia no meu radio portátil indo para o Culto a Ciência, que cursei à noite de 57 a 60… Mesma coisa com o Big Boy, que as informações falam em 70, que é verdade, porem, começou no fim dos 50…Lembro de voltar a pé para casa do Culto a Ciência em 58 60 ouvindo seus programas… Passava na agencia Chrysler que havia em frente ao antigo Grupo Escolar Correia de Melo, que virou a Telefônica e ficava ouvindo e admirando um Plymouth 57 vermelho e branco com aqueles enormes rabos de peixe…E ia montando meu sonho de ir para os EUA…
Esta ponta do corrimão, ou balaustre, que tem a parte de cima já faltando, que aparece mais abaixo, é onde a gente ficava sentado ouvindo a radio Mayrink Veiga aos sábados no programa Hoje é dia de Rock, do Jair de Taumaturgo.
Nesta quadra, ao longo deste corrimão ficavam estacionados os carros do Taxi Nash, que tinha somente carros desta marca…
Como este site esta desenhado para ligar com a introdução about, que remete para cá quando atinge o sub titulo abaixo, explico aqui como apresentarei isto:
Quem nasceu nos anos 40, como eu, teve seu imaginário sobre automóveis com os carros dos anos 50,que era o que rodava nas ruas do Brasil, quando a gente começava a sentir a realidade.
As impressões sobre estes carros eram imaginárias, como não poderia ser de outro jeito, e a realidade daquelas máquinas eram uma incógnita aparentemente impossível de ser descoberta.
Creio que testes, como os que a revista Quatro Rodas iria inaugurar a partir dos anos 60, ou melhor, fins de 70, pois na década de 60 contava-se com os dedos todos os modelos, visavam antes de mais nada preencher esta falta.
Na verdade, creio que a quase totalidade dos leitores que liam estes testes não tinham condições financeiras de comprar nenhum carro…
O que a gente fazia mesmo, era excitar a imaginação…
Eu ignorava, e creio que junto com muita gente, que publicações como a Mecânica Popular já faziam testes muitos anos antes.
A Mecânica Popular não era tão popular e muito tempo depois disto, tive contato com ela, remexendo (fuçando seria mais correto…) em sebos velhas edições daquela revista.Descobri posteriormente que a Mechanix Illustrated também fazia testes e que seu editor de Testes, “Uncle” Tom McCahil era extremamente saboroso de ler e foi muito influente no seu tempo, como se poderá ver em seguida.
Estes testes e reportagens para mim são a projeção nos meios de comunicação que existiram e muito pouco chegaram ao Brasil, das impressões dos repórteres equivalentes aos testes de Quatro Rodas que foram nossa janela.
Tive a idéia de recuperar isto para quem, como eu, gostaria de ter lido isto, ou para quem quiser, por qualquer razão, saber como foi.
Talvez para viver excitações sonhadas e inimaginadas…
O critério é totalmente subjetivo e na introdução faço alguns comentários.
Revendo este site blog e essas considerações, me pareceu um tanto “estreitas” as razões aqui colocadas para gostar tanto dos EUA, que fariam supor uma certa ingenuidade, para não dizer simploriedade de minha parte ter sido iludido com tão pouco.
Na verdade, houveram outros fatores além dos que estão aqui indicados, que ocorreram na medida em que fui entrando na vida adulta e, após ter vivido lá, sem ter propriamente invertido minha idéia sobre os EUA, consegui ver também a sombra da outra face que seria impossível não existir e porque modernamente, especialmente no Brasil, eles de certa forma viraram “bandidos”.
Que justificam minha conclusão que, para mim, é melhor viver no Brasil, onde espero morrer.